Carlucho Vitaliano: "Ausência É madrugada. Algemas fictícias a



"Ausência

É madrugada.
Algemas fictícias atam-me as mãos.
Falsas correntes prendem pés que
eu queria em meu peito aquecer.
Amordaçada está, a boca que eu queria
e um insípido beijo paira na escuridão.
Calada, me é empurrada a palavra garganta abaixo,
num silêncio absurdamente enlouquecedor.
Minhas narinas procuram, inutilmente,
a louca ausência do teu perfume.
Obrigatoriamente surdo, permaneço,
e a insônia insistentemente me pergunta:
O que é a prisão?
Difere a vida da morte?"

Carlucho Vitaliano

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