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Às vezes ela ficava pensando no reencontro, na vontade que tinha em vê-la de novo, e a saudade apertava forte no peito. Era um súbito de tanta dor que acabava ficando quase impossível não chorar. Parecia que dentro de seu corpo não existiam órgãos, mas sim um vazio. Um enorme vazio. Ela começava a relembrar de todos os momentos, não só porque queria, mas porque sua consciência a obrigava. Poder abraçar a melhor parte de sua vida, a amiga que estava na história dela, conversar, rir, morder e até brigar era tudo o que mais queria na vida. E se fosse fácil, estaria tudo bem, mas existia a tal da distância, que complicava tudo. Aqueles quilômetros chatos que existia entre elas. E lembrando disso, as lágrimas iam correndo pelo rosto, sem freios e sem direção. Quando chorava, sentia que aquele vazio se transformava em uma gelatina mole sem sabor. A boca seca e os olhos úmidos. Pensava no arrependimento que sentia por quando estavam juntas não saberem aproveitar o tempo que foi dado, a amizade que tinham. As brigas mais que constantes eram a prova de que sentiriam falta um dia. Foi necessária a separação para todos aqueles sentimentos virem a tona: tempo, arrependimento, remorso, saudade. Essa última a maior de todas. Naquela época, quando estavam em paz, eram as melhores, as mais unidas e as que mais se compreendiam. Mesmo com a distância continuava essa amizade, mas dessa vez sem as brigas constantes, pois saberiam que se arrependeriam delas. Uma era a melhor da outra, a única, a do pra sempre. Uma fazia a outra continuar, com quem poderiam sempre contar. Cada uma tinha a certeza dentro de si que ninguém as substituiria. Sonhavam com o reencontro, com a segunda chance, e com a hora que as palavras sairiam da imaginação e se tornariam realidade. Era difícil descrever o que uma sentia pela outra, sentimentos são coisas tão abstratas que acabam se embaralhando em milhões de palavras e na hora de dizê-las se perdem num vazio onde ninguém mais acha. Era muito amor imenso, carinho incondicional, saudade inexplicável, compreensão infinita, ligação inigualável e amizade insubstituível. E tudo isso era imortal. Em outros tempos eram ela e a amiga, hoje é ela e a saudade.

Fernanda Gaseta