Fernanda Braga: Achei que fosse bobagem pensar que existe uma rela



Achei que fosse bobagem pensar que existe uma relação entre morte e orgasmos.Mas existe! Descobri hoje que o significado da palavra orgasmo, para os franceses, é "pequena morte", e faz todo o sentido!

A morte "ideal", segundo sábias teorias, é aquela que acontece por desejo do indivíduo, quando ele já se sente tão pleno em sua existência que não tem mais necessidade de continuar submetido às leis da vida humana. Tem uma sensação de tarefa cumprida, o que, suponho eu, deve trazer consigo uma segurança enorme, uma satisfação em saber - vivenciar, sentir - algo que os demais ainda não entenderam, a ponto de dispensar a chance de continuar participando do mundo, de subjugar a necessidade desesperada de se manter vivo, que me parece mais usual. Quando o sujeito atinge esse grau de poder (ou sei lá que nome poder-se-ia dar para isso), está pronto para deixar de existir, já está completo, pleno e satisfeito. Se entrega então, sem medo, ao desconhecido.
Isso lembra alguma coisa? Que outra contingência oferece uma sensação de tão plena satisfação; de uma presença infinita que dura apenas alguns segundos; de uma entrega total ao "SER"? É, o orgasmo.

É quando o ser de alguém transcende seu corpo; seu olhar perde o foco para que esse alguém se perca em si mesmo, se entregue completamente.

É o momento que alguém que ama tem a chance de enxergar e sentir fisicamente a alma de seu objeto de amor. É um segundo eterno que não pede nem permite explicação, apenas deixa que seus súditos o toquem de leve, por instantes, e passem o resto de seu tempo esperando seu próximo encontro.

Ninguém se esconde, por mais que tente. A linguagem do corpo diz muito mais do que qualquer intenção de se mascarar, e o que sobra é a mistura de dois corpos, dois seres que deixam de ser juntos, que escolheram estar ali, e não em qualquer outra parte.

Aquele momento extasiante do orgasmo é a pequena morte de que os franceses falam, é a interação original. E sorte de quem já teve um segundo assim, que seja, em toda sua existência. Que já viu sentiu a alma de quem ama, que já deixou de ser por um momento sequer ... que já morreu um poquinho!
Acho que se existe amor, deve ser assim, deve ser paixão, o resto é o resto... =)

Fernanda Braga

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