Andre Luiz Aquino: Flor Bela de Alma da Conceição‏ Versos



Flor Bela de Alma da Conceição‏

Versos De Orgulho(Florbela Espanca)

O mundo quer-me mal porque ninguém
Tem asas como eu tenho! Porque Deus
Me fez nascer Princesa entre plebeus
Numa torre de orgulho e de desdém.
Porque o meu Reino fica para além …
Porque trago no olhar os vastos céus
E os oiros e clarões são todos meus !
Porque eu sou Eu e porque Eu sou Alguém !
O mundo ? O que é o mundo, ó meu Amor ?
O jardim dos meus versos todo em flor…
A seara dos teus beijos, pão bendito…
Meus êxtases, meus sonhos, meus cansaços…
São os teus braços dentro dos meus braços,
Via Láctea fechando o Infinito.


Flor Bela de Alma da Conceição, conhecida e querida por Florbela Espanca, é uma das poetisas de terras estrangeiras mais diletas do meu coração. Portuguesa com certeza, de vida curta, mas intensamente vivida, entre 1894 e 1930, é nascida e “morrida” no mesmo dia, 8 de dezembro. De história tão sofrida, sua mãe logo morreu e seu pai como filha não a reconheceu.
Como ninguém é feliz sozinho casou-se no dia de seu 17º aniversário com Alberto Mourinho.Era novamente 8 de dezembro.Em seguida foi a primeira mulher a tornar-se membro da universidade de Lisboa para estudar direito.Alguns anos mais tarde sua primeira ferida sangra e arde, iniciasse então o seu calendário de dor, sofre um aborto involuntário.
Isso desencadeou nela tanta desordem que sente os primeiros sintomas de uma perturbação mental, acaba se separando e começa a sofrer preconceito social.Para remediar se apaixona e se casa pela segunda vez.Mas também sofre um aborto mais uma vez.Entre lágrimas e desesperos mais um marido a abandona e pede o divórcio.E como o amor não é comercio casa-se novamente.
E mais uma vez o destino pesa-lhe a mão, a morte do irmão, Apeles, num acidente de avião, abala-a gravemente.E cansada de tanto sofrer ela queria morrer, tentou o suicidio duas vezes.A flor espancada pela vida, de história tão tumultuada e inquieta, soturna e fatalista, foi transformando seus sofrimentos íntimos em poesia carregada de erotização e feminilidade. Fernando Pessoa, em um poema datilografado e não datado de nome "À memória de Florbela Espanca", descreve-a como "alma sonhadora/ Irmã gêmea da minha.” E assim, essa vida marcada por tanta fatalidade, acaba abreviada pela ingestão de dois frascos de um veneno chamado Veronal.O mesmo que matou um casal passional, chamado Romeu e Julieta.
É por isso que ao ler Florbela sinto como se o mundo todo estivesse de cabeça pra baixo

André Luiz Aquino

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