À Minha Mãe, Antes de Morrer
Mayra F. Gomes
Mãe,
Embora tantas vezes me atire pedras cortantes,
Meu coração chora pela dor de sua ausência.
'Inda sabendo que ao seu lado sou um triste constante,
Prefiro sofrer contigo ao esmorecer pela falta de sua presença.
Mãe,
Seu jeito adolescente tardio me surpreendeu!
De repente você é filha e mãe sou eu!
Nas brigas e desentendimentos eu choro;
Na tristeza, na angústia e na dor, eu oro.
Mãe,
Já não é a zelosa que fora outrora,
vive em Carpe Diem, em doce ilusão.
Está cega pelo luxo e prazer desta Hora,
Sua alma hoje é presa num caixão.
Mãe,
Eu tento lhe dizer tudo o que me corrói,
Mas meus lábios se calam por medo de lhe perder;
Tento lhe abrir meu coração, mas dói...
Dói pensar em lhe ferir, em lhe ofender.
Mãe,
Eu amo você.
A História de Mara
Mayra F. Gomes
Uma menina sonhava em trocar bonecas por caneta e papel.
Completou 11, quando o primeiro poema escreveu;
Exaltou o Brasil, paraíso onde nasceu.
Bela e vital, aos poucos, cresceu.
Na adolescência, a paixão, o primeiro amor ela conheceu.
Todavia, fora também o início das dores que viveu.
O sonho a deixou, a ilusão a acolheu
E, então, seu coração desfaleceu!
Fragmentada pela vida, abdicou da felicidade, outro sonho seu
Para viver a desgraça d'um pesadelo que não escolheu.
Das mágoas e ofensas jamais se esqueceu;
De rancor, seu coração endureceu.
Precisava do carinho, do amor e da atenção que sua mãe pouco deu;
Buscava em homens suprir a carência do que não recebeu.
Sofrimento! Foi somente o que ofereceu.
Seu ódio logo a enfraqueceu.
Em sua lápide se escreverá: "Dona da vida que nunca mereceu,
Amante vitalícia da depressão que enalteceu;
À procura do amor, apenas sofreu;
Por não encontrá-lo, hoje morreu"...
Simplesmente Amor
Mayra F. Gomes
Tão puro e benevolente,
Porém muitas vezes inconseqüente.
Tão singelo e complexo
Que transmite em pequenos gestos o seu reflexo.
Calado e ardoroso,
Às vezes sufocado, mas esperançoso.
Divino e sofredor,
Embora seja consolador
É brasa no peito
Fatalmente consumido em leito.
É coroa de humildes e algema de orgulhosos,
Opera milagres e concede dons vistosos.
É rosa sedutora e cravo desprezado
Em meio às dores e a sangue derramado.
É poeta com escudo e espada,
Guerreando pela inalcançável amada.
É espelho e imagem
Que ao coração passa uma mensagem.
É espalhafatoso e sutil,
Não deus, porém jamais inútil.
É testemunho de felicidade
Somente àqueles que seguem a verdade.
É fortaleza nunca vencida
É união de corpos e atração de almas vividas.
É açúcar que adoça o viver,
É fé que evita morrer.
O mais prazeroso sabor,
É simplesmente Amor...