A vida pode até continuar, mas tudo muda desde então.No começo sentimo-nos livres e queremos tudo,a toda hora e em todo lugar.A liberdade enche o peito, o ego...E então nos permitimos sair por aí, voar, conhecer outros e outros ares.Depois de um tempo tudo muda.A liberdade vem e vai como há de ser sempre.E então o que resta é uma sensação de impotência, de carência, de necessidade do outro que , por muito tempo, completou aquele vazio de agora.E por mais que digamos que tudo passou, alguma coisa sempre fica.Resquícios de vida conjunta,de ser posse e de poder,de ter, mesmo que distante.O que se pode fazer é esperar.Alguém ou o vazio passar.Mas a lembrança por vezes trai, trás a tona tudo aquilo que foi vivo,vivido,junto.E esquecer é difícil.É difícil deixar para trás um pedaço da vida.E é impossível nos livrarmos disso.A vida pode até continuar,mas tudo muda,sempre.
Juliana Poêys
E o que eu faço agora? Meu coração está aos pulos.Cada palavra sua implora que ele saia de vez do meu peito, só pra estar perto do seu.E eu peço que ele não vá.Ajoelho , rezo , peço que ele se aquete.Mas ele não liga, não quer saber.E a cada batida ele grita pelo seu.E eu? O que eu faço agora? Coloco a mão sobre o peito, deito e tento abafar o grito.Aiii... e como dói! E já não podendo mais com a voz, ele força os olhos, pede favor e este o faz.Chora até não querer mais.E eu? O que eu faço agora? O que me resta é me render.Deixo que as lágrimas cresçam incessantemente até inundar de vez.E meu pobre coração aflito, já sem voz,nem força tem pra pedir socorro.E vai morrendo assim,pouco a pouco.Morrendo de amor.
Juliana Poêys
Eu não sou pergunta nem exclamação. Não sou perfeição, nem feia nem bonita, nem exceção.Tenho idéias demais, disposição de menos e um bloco de notas em branco.Não tenho estilo próprio e admiro pessoas que pintam o cabelo de azul sem receio.Não gosto de pessoas que reclamam de tudo e que só usam a palavra ‘não’.Acredite,o vocabulário se torna bem mais extenso por se conhecer o ‘sim’.Me faço de vítima, de intelectual , de psicóloga.E quando me perguntam se estou triste digo que não, estou cansada. Eu gosto de silêncio de dentro e as vezes de fora.Eu quero mais emoção, mais açúcar , menos preocupação.Quero viajar menos dentro de mim e ver tudo que está lá fora.Quero sucesso com todos os ‘s’ e uma casa branca no alto de uma montanha verde com um mar azul em frente e um conversível vermelho na garagem.Quero cabeça branca e vida colorida.Na rua eu ando depressa mas no fundo eu sou só preguiça.Adoro dar presentes, vivo dando fora, as vezes perco a hora mas sei que um dia eu chego lá. Dizem que sou doce, que sou estressada, que tenho papo cabeça , que sou engraçada,que sou um tédio, que eu sou demais e até que eu não existo.O que eu sei sobre mim é quase nada.Tenho uma manchinha na perna, não sou boa em matemática, digo que sei cozinhar mas é rolo, só sei fazer bolo.E de caixinha.
Juliana Poêys