O que é a vida senão um breve instante, repleto de cagadas, entre a fralda infantil e o fraldão geriátrico?
João Batista dos Santos - Rua Amapá - LondrinaPR
O que é, o que é, cai de pé e corre deitado? Resposta: bêbado.
João Batista dos Santos - Rua Amapá - LondrinaPR
O que é, o que é, de manhã tem quatro pernas, de tarde, duas e de noite três? Resposta: pessoa operada pelo SUS.
João Batista dos Santos - Rua Amapá - LondrinaPR
O que é, o que é: tem no meio de qualquer rua e no meio da lua? Resposta: poeta.
João Batista dos Santos - Rua Amapá - LondrinaPR
O sol envelhece.
Flora Figueiredo
pavio queima por um fio.
Verão que apodrece.
O solteiro é um solitário sozinho, o casado, um solitário acompanhado.
João Batista dos Santos - LondrinaPR
O tolo bem-falante facilmente passa por inteligente.
João Batista dos Santos - Rua Amapá - LondrinaPR
O VELHINHO NO MÉDICO
João Batista dos Santos - Rua Amapá - LondrinaPR
Aí o velhinho, já com uns cem aninhos, chegou no médico e disse:
- Doutor, a coisa não está levantando mais. O que eu faço?
E o médico:
- Ora, na idade do senhor é perfeitamente natural!! Acho que nem dá pra fazer mais nada. Mas... Vamos ver, abaixa a calça, por favor!!!
E o velhinho:
- Não, doutor, é a língua!!!!
ODE A NÓS MESMOS
João Batista dos Santos Rua Amapá LondrinaPR
............foi..................assim.......uma
..............................lâmpada.......acendeu...uma
..........lâmpada................apagou.............e....
....uma
............................estrela............virou
..........................um.............................
...sapo
................e...............um............sapo.......
........virou
..........................uma
..................................................estrela
............................(só.....para.....
................................vê-la
...........................só.....para
......vê-la)
Olhamos para si.
Vítor Figueirêdo Leite
Olhamos para o outro,
Não nos comparamos,
Escolhemos falar do outro,
Reclamamos, Fofocamos, debochamos, falamos...
OLHO NO OLHO
João Batista dos Santos - Rua Amapá - LondrinaPR
Entrei pelo cano...
Olhos cegos olham para si,
Vítor Figueirêdo Leite
Tudo está normal,
Tudo esta escuro,
Olhos cegos olham para a Amazônia,
Tudo está diferente,
Tudo está escuro.
Olhos Invejosos,
Vítor Figueirêdo Leite
Olham para ti,
Amazônia,
Sem próprio se olhar,
Sem propio se analisar,
Sem próprio se comparar,
Olhos invejosos...
Onde quer que eu vá, levo comigo uma certa nostalgia daquilo que não se pode compreender. Algo tão insólito que me faz pensar e repensar milhões de vezes sobre questões que não são minhas, exatamente.
Ana Beatriz Figueiredo Mota
Me inquieto no mal alheio e nele estabeleço meu caos! Sem prudência, defendo e mergulho n’algo que, se antes era irrelevante, agora se faz essencial.
Já quis ser poeta, almejei glórias, fortunas, mas descobri a tempo que a única e primeira glória do homem é o amor e a humanidade à flor da pele!
Considero que o livre arbítrio deva se exercitar à intuição, senão seremos tão dispersos como folhas ao vento.
Os estagiários deveriam se comportar de tal maneira que os verdadeiros funcionários efetivos da empresa se sentissem como os verdadeiros funcionários efetivos.
João Batista dos Santos - Rua Amapá - LondrinaPR
Os filhos, além de nos darem grandes alegrias, a certa idade, também, nos dão enormes despesas, enorme desprezo e enormes desgostos.
João Batista dos Santos - Rua Amapá LondrinaPR
Os homens inventaram o amor, e as mulheres, o casamento, a divisão de bens e a pensão-alimentícia.
João Batista dos Santos - Rua Amapá - LondrinaPR
Os meus olhos dizem o que minha boca não consegue dizer
Vítor Figueirêdo Leite
Os ricos, talqualmente os pobres, também conhecem, e bem, como é passar fome: não vivem eles fazendo dieta?
João Batista dos Santos - Rua Amapá - LondrinaPR
Os três melhores amigos que eu conheço: dinheiro no banco, dinheiro debaixo do colchão e dinheiro na carteira.
João Batista dos Santos - Rua Amapá - LondrinaPR
Ouvi ofensas e poemas de terceiros, em segundos poderia ter me irritado, mas logo vejo que em primeiro lugar, deve se levar a vida se dedicando a quem te deu amor.
Edson Batista - EX85N
Ouviu-se um estrondo
Flora Figueiredo
Baleia presa na teia?
Não! é marimbondo.
PAISAGEM
Ana Beatriz Figueiredo Mota
Havia um lindo lago do outro lado da cidade. Era um lugar iluminado e místico, quase irreal. As águas cristalinas espelhavam as árvores frondosas que cobriam todo o vale, que cercavam o lago e se dobravam acima de suas margens. O caminho de pedras era simétrico e desenhado, passo a passo que poderia ser percorrido, da casa de largas varandas e portas gigantes até os arbustos da montanha. A montanha era inebriante, verde como o alto mar, e nas noites de lua cheia exalava o olor das milhares de plantas medicinais e flores de todas as espécies.
Eu me sentava e podia então tocar o verde do capim mal cortado, as flores vermelhas que pareciam brilhar ao meio dia, a água morna do lago. Sentia o vento tocar minha face e correr entre todas as árvores do vale. Ele brincava, ia e voltava em um balé que fazia as folhas caídas ao chão dançarem e voarem derradeiras vezes. Pareciam ter vida.
Durante as noites meu olhar se fixava ainda mais àquela paisagem porque o sol nunca sumia atrás do vale, ele permanecia dia após dia e iluminava além do que poderia.
Muitas vezes eu chorava por não poder nadar no lago, por não ser permitido que eu pudesse cortar algumas flores para fazer um lindo arranjo, pela impossibilidade de atravessar o longo vale para ir até a floresta. Mas minha tristeza não durava muito. Ao ver as gaivotas sobrevoando a mata, bebendo da água pura e límpida meus olhos se abriam ainda mais e por mais que me fossem restritas algumas coisas, somente a presença daquele lugar me extasiava. Ao deitar continuava desejando olhar e ao acordar eu corria em direção à maravilhosa vista. Todos os dias.
Em um mundo de criança onde brinquedos e cantigas tomavam lugar entre os pequeninos, o meu mundo era observar e até mesmo sonhar com aquele maravilhoso lugar.
A porta do casarão permanecia fechada e poucos adultos pareciam morar lá. As janelas davam para uma pequena igreja, a qual eu não conhecia o interior. E nunca poderia conhecer.
Fazia minhas orações olhando para ela, mas não havia quem a freqüentasse, senão eu, ao longe. E por mais que eu esperasse o sino tocar, ele continuava em silêncio e nem mesmo o vento era capaz de movê-lo para uma melodia sequer.
Em uma noite, ao fazer minha última oração à porta da pequena igrejinha, olhei para o sol forte e vigoroso no horizonte e cheguei a toca-lo. Deitei-me na cama e enquanto o sono vinha a passos lentos o sol foi se apagando.
Na manhã, ao acordar, estava escuro, o vento entrava pela janela do meu quarto e o sol já não existia. Do céu escuro descia uma chuva forte e ameaçadora. Não conseguia ver o vale, nem o lago, todas as árvores e flores. As gaivotas, pensava eu, deveriam ter voado para longe e a igreja não estava ao lado do casarão. Aliás, não havia também o casarão e suas varandas espaçosas e o caminho de pedras que um dia eu me imaginei percorrendo-o. Tudo havia sido levado, sumido. Para terras distantes, talvez.
Desci as escadas de casa e avistei meu pai na pequena salinha, nos fundos de casa.
Ele já sabia porque eu estava chorando. Então, pegou cuidadosamente minhas pequenas mãos e me guiou até o meu quarto. Na parede rosa, pendurou novamente o quadro e disse:
- Você gosta tanto dele que resolvi termina-lo.
A paisagem havia milagrosamente voltado. Mas, naquele instante, entre o casarão, a igreja, o vale e as flores, no caminho até os arbustos do lago, caminhava uma menina, de vestidinho vermelho e sapatos de cadarço. Na maior árvore, às margens do lago, podia-se avistar um balanço, de cordas verdes, coberto de heras que davam flores rosas e amarelas. Com certeza aquela menina, todos os dias, pela eternidade de sua infância, seguiria o caminho de pedras e iria até o lago, sentar-se ao balanço e admirar as gaivotas brancas.
Ainda a vejo e às vezes chego a conversar com ela. É impressionante que sua felicidade e seus desejos atravessem barreiras materiais ou não e se façam presentes em mim. Ainda oro, algumas vezes me esquecendo da igreja, onde os sinos nunca tocaram. Ou tocaram, em algum momento de desatenção. Mas o sol continua brilhando, dias e noites. E daqui muitos e muitos anos ainda estará lá, iluminando o vale e o meu quarto.
Passeio Dominical
João Batista dos Santos Rua Amapá LondrinaPR
Certo velhinho tinha a mania de ir a cemitérios todos os domingos.
Ia de cemitério em cemitério, e ficava horas lendo os epitáfios e datas de nascimentos e de mortes.
Quando via um túmulo cujo defunto havia morrido antes dele, suspirava:
- Coitado... Morreu tão novo...
Quando via outro que havia morrido às vezes bem mais velho do que ele, exclamava:
- Coitado... Este também não viveu quase nada...
Quando via outro que havia morrido com a idade dele, arregalava os olhos, cismado, e lia, e relia as datas da sepultura, resmungando:
- Ué, acho que erraram o ano do nascimento ou da morte desse aqui...
Pegadas
José Carlos Batista de Pilar
O caminho de volta
é mais longo
que o caminho
que leva embora.
Porque para partir
é tão rápido
e para voltar
ah, meu Deus!
quanta demora!