Nem o presidente nem os ministros são acrobatas de circo para fazer piruetas, receber aplausos e desaparecer nos bastidores.
Fernando Henrique Cardoso
No amor esquecer a pessoa amada não é uma opção
Jâncyo Henrique
Claridade dada pelo tempo
Mário Henrique Leiria
I
Deixa-me sentar numa nuvem
a mais alta
e dar pontapés na Lua
que era como eu devia ter vivido
a vida toda
dar pontapés
até sentir um tal cansaço nas pernas
que elas pudessem voar
mas não é possível
que tenho tonturas e quando
olho para baixo
vejo sempre planícies muito brancas
intermináveis
povoadas por uma enorme quantidade
de sombras
dá-me um cão ou uma bola
ou qualquer coisa que eu possa olhar
dá-me os teus braços exaustivamente
longos
dá-me o sono que me pediste uma vez
e que transformaste apenas para
teu prazer
nos nossos encontros e nos nossos
dias perdidos e achados logo em
seguida
depois de terem passado
por uma ponte feita por nós dois
em qualquer sítio me serve
encontrar o teu cabelo
em qualquer lugar me bastam
os teus olhos
porque
sentado numa nuvem
na lua
ou em qualquer precipício
eu sei
que as minhas pernas
feitas pássaros
voam para ti
e as tonturas que a planície me dá
são feitas por nós
de propósito
para irritar aqueles que não sabem
subir e descer as montanhas geladas
são feitas por nós
para nunca nos esquecermos
da beleza dum corpo
cintilando fulgurantemente
para nunca nos esquecermos
do abraço que nos foi dado
por um braço desconhecido
nós sabemos
tu e eu
que depois de tudo
apenas existem os nossos corpos
rutilantes
até se perderem no
limite do olhar
dá-me um cigarro
mesmo que seja só um
já me basta
desde que seja dado por ti
mas não me leves
não me tires
as tonturas que eu teria
que eu terei
sempre que penso cá de cima
duma altura vertiginosa
onde a própria águia
nada mais é que um minúsculo
objecto perdido
onde a nuvem
mais alta de todas
se agasalha como um cão de caça
leva-me a recordação
apenas a recordação
da vida martelada
que em mim tem ficado
como herança dada há mil e
duzentos anos
deixa que eu fique
muito afastado
silencioso
e único
no alto daquela nuvem
que escolhi
ainda antes de existir
II
Deixa que eu quebre tudo que tenho e que terei
tudo o que é de todos e que só a mim pertence
deixa-me quebrar o cavalo que me deste
na noite do nosso primeiro encontro
deixa-me partir a bola o cão o espaço
deixa-me quebrar a minha casa e a minha cama
a minha única cama
não quero que me contem a aventura
nem que me dêem almofadas
não quero que me ofereçam sombras
só por mim construídas e logo abandonadas
nem sequer esquinas de ruas
não quero a vida
sei claramente que a não quero
a não ser que ela esteja partida quebrada
quebrada por mim e por ti
e a minha infância
essa dou-ta
inteira muito longa e cruel
deixa que dela me fique apenas
essa crueldade
e que nela só eu siga
ignorando o que me deste
e que
martelo ou pedra
eu continue partindo quebrando
esfacelando dilacerando
o teu corpo que já não está ao meu alcance
deixa-me ser anatomicamente autêntico
sem erro
sangrando
perdido para sempre
III
Viver com a crueldade
da criança que
tira os olhos ao pássaro
um desconhecido
movendo-se constantemente
no deserto
em que cada pegada deixa
bem marcada na areia
a imagem
dessa outra existência
em que a morte e a memória
ainda nada significam
mais alto
muito mais alto talvez
que a claridade
do voo das aves que
partem para o desconhecido
o próprio corpo nada mais é
do que a sombra
bem simples por sinal
em que,
por erro nosso ou dos outros,
já não existe
a persistência do que
foi perdido
e as mãos
as mãos que sentimos
bem presas seguras aptas
essas
todos sabemos
que podem ainda cada vez mais
esmagar com cuidado
com extremo cuidado
dilacerar suavemente
nos olhos
está o amor
IV
Simples como é
a claridade é a coisa
mais difícil de encontrar
talvez porque a distância que nos
separa longa muito longa
e nítida
seja a torre de chumbo do nosso
próprio isolamento
talvez porque sentir
o aparecimento da madrugada
seja a origem do desespero
sombra trópico lâmina
entre nós dois
ouve o que te digo
não esqueças os meus lábios
mesmo quando desfeitos
e a claridade
essa não a procures não nunca
deixa-a ir comigo
até ao esgotamento do meu sangue
até ao limite
do meu corpo em carne viva
V
Eu sei
que há um lugar por descobrir
um lugar tenebroso e cantante
como uma ponte de velhos manequins
aí
o teu corpo
dois seios despedaçados
e o vento só o vento
soprado através
dos teus cabelos
(Mário-Henrique Leiria, 1923-1980, Portugal
in "Surreal Abjeccion(ismo)")
difícil é desistir
Henrique Xavier
quando a lembrança lhe trai
matando a saudade e a raiva que lhe prendem
a resistência racional
a mentira como uma droga psicotrópica
versus a inteligência emocional
e a proposta tentadora da felicidade
quem tiver a vitória total eu invejo
pois a dificuldade de tê-la
nunca vi outra tão grande
a mágoa de uma derrota emocional
de ambos desafiantes
é um fator iníquo para nosso inconsciente
ou seria para nosso consciente?
dentre as formas de convivência com os tipos de ocasiões
pior que a convivência com um fato sofrido
é a subsistência paralela a um não vivido
quando há uma falta de percepção do exato momento
ou fica-se na espera dele por tanto tempo
que há uma descapitalização do sentimento
eivando toda a esperança e probabilidade
de uma união
só o sentimento se mantém
aquela paixão temporariamente criada
que poderia ou não evoluir para sentimento
é reabsorvida
mas para acertar o momento
só se ambos tiverem sentimento
mas não qualquer um
e sim o mesmo concomitantemente
os dias passam
e sempre ha um quê mal resolvido no ar
as lembranças da desilusão incentivam a racionalidade
que logo
quando está quase completa
sofre uma emboscada emocional
algumas vezes
um simples 'oi' desencadeia a reação
e quanto menos emotivo se é
mais se sofre
na realidade nao seria emotivo o termo
pois emotivo todos somos
no momento certo
porem quem é normalmente mais racional
frio
sente de forma mais intensa esse catabolismo da razão
Pelo fato de não estarem acostumados com esses sentimentos?
Acredito ser
pelo fato de enterrarem-nos
tão profundamente a si mesmo
que quando encontram-nos
não sabem como reagir
Perante a dificuldade de desistir
Só uma certeza se tem
Quando se apaixona por alguém
Mesmo que seja improvável
Mesmo que seja intransitável
A única saída é persistir
No amor pensar só atrapalha!
Jâncyo Henrique
No amor, o silêncio é a palavra que precede o beijo. [Capítulo Terceiro, aforismo VIII do livro ESCRITOS REUNIDOS]
Henrique de Shivas
Nunca testes a profundeza do lago com os dois pés.
Luiz Henrique
O amor é como uma vela cuja a chama tende a vencer a o ódio e a perdição.
Paulo Henrique de Souza
domingo
Henrique Xavier
início de outono
folhas ainda não caem
frio ainda não faz
mesmo assim o calor não altera o ânimo
escassez de carros
poucas pessoas caminhando
ruas tornam-se vãos
por parte era de se esperar
horário de almoço
dia da família
temperatura agradável
no entanto e esses poucos que circulam?
estariam indo para suas casas?
não possuiriam familiares?
por que circulam se a maioria se faz ausente?
passo pela praça
ambiente normalmente movimentado
fotógrafos, formandos, vendedores
onde foram parar todos?
bancos vazios
no playground somente uma criança
balançando-se
num lento e melancólico vaivém
por que hoje o homem só vivencia a sua natureza?
uns tentam justificar
pela criminalidade
pelo instinto familiar
pelo descanso
porém e toda a natureza?
fica pra quem?
para as fábricas lucrarem?
não estaríamos perdendo algo?
será
que esse complexo de superioridade humana
pode ter êxito?
ou na realidade não passa de uma perturbação
num ambiente tão espaçoso
por que o homem se prende?
mais de 50 pessoas em um grande poliedro
sem interagir, por quê?
quanto por cento do mundo não é aproveitado?
quantos lugares interessantes as pessoas morrem sem conhecer?
quando vamos crescer?
Escolhi sem pensar nas palavras os meus melhores sentimentos, para dizer-te o porquê me perco quando me acho em teus braços.
Francisco Henrique
Falar-te o que não consigo mais guardar em meu coração, tudo o que contemplo a cada segundo, sem deixar transparecer o que esta na cara. Pois será que não vês o quão estou apaixonado por você?
Não sentes em meus beijos que a alma ressequida minha se embebeda do mel que derramas de tua boca.
Não ouves que grito baixinho como em gemido que te desejo e te quero?
E não percebe meu corpo a procura da unidade dessa divisão? Dessa distancia que corrompe o espaço fazendo juiz à lei que fala que a matéria não ocupa espaço igual.
Em fim, o que eu quero dizer é que você esta comigo onde quer que eu vá.
Eu não desisto de você.
Diego Henrique
Por mais que tentem, eu não não desisto de você
Por mais que busquem um jeito de me convencer, eu não desisto de você
Por mais que me digam que é impossivel nós dois, eu não desisto de você
Desistir de você é desistir de meus sonhos
Pois fizeste que meus sonhos ganhassem alma e corpo
Meus sonhos me fazem ter forças pra nunca desistir de você
A distância me diz que eu devo desistir
As circustâncias também me dizem
Eu não as escuto, eu nunca vou desistir de você
Desistir de você é como desistir de mim mesmo
Pois você acreditou em mim sempre, sem ver minhas imperfeições
Você me dar forças pra nunca desistir de meus sonhos
Eu serei perseverante, eu jamais desistirei de você
Desistir de você é desistir de ser feliz
Alguns dizem que sou maluco por que sou teimoso e não quero desistir de você
Irei até o fim
Irei até o limite
Eu prometo nunca desistir de você, mesmo que você venha a desistir de mim!!!
Há se arrependimento matasse
Tiago Henrique
arrependimento mata ?
se arrepender ,mudar de atitude,
atitude contraria, ou oposta , àquela tomada anteriormente
o que seria do arrependimento se ninguém mudasse de atitude?
se ninguém se importasse com o que acontece com as pessoas?
se todos achassem estarem certos de seus caminhos,o que seria,
o que seria do arrependimento?
o que seria voltar atrás ? um simples retrocesso?
e aquela maldita frase "retroceder jamais"?
será que todos continuariam mesmo estando errados?
será que todos ficariam parados apenas pra não errar?
eu me arrependi e ai ,o que eu faço agora?
prefiro te deixar agora do que te magoar depois ?
mais e se não existisse o arrependimento?
o que seria dessas pessoas ?
ficaremos juntos e a vida da um jeito ?
não te amo agora ,mais com o tempo vou aprendendo ?
que seja o que Deus quiser ?
se for isso ,Ele quis que você se arrependesse!
concerte hoje tudo que não vai poder conter no futuro,
magoe alguém hoje para que faça alguém feliz amanha ,
se arrependa agora ,por que arrependimento não mata !
viva o arrependimento !
arrepender-se e um ato de coragem
um ato de humanismo ,de amor , de carinho ,
arrepender-se e um ato sublime ,
que poucos se dão ao luxo de senti-lo !
arrependa-se sempre ...
nunca só acerte ,errar faz parte em qualquer parte ,
lugar ou escolaridade ,não precisa ser inteligente ,
pra ter coração ,alma ,caráter,personalidade.
seja qual for o seu erro ,não tenha medo ,
pra quem sabe olha pra trás nenhuma rua é sem saída
arrependa-se ,hoje é o seu dia !
O Amor pode começar por uma amizade mas não acabar com uma.
Jâncyo Henrique
O homem paciente espera no seu destino. E o homem sábio faz o seu destino.
Jâncyo Henrique
O homem sempre busca um colo de mulher para deitar; um carinho para sonhar; e uma lágrima para pensar em quanta dor ela apazigua no toque; em quanta magia ela encanta no olhar; e quantas tristezas ela abafa no peito. Nossas paixões são imagens maternas; nós, homens, somos carentes eternos de cuidados maternos.
Henrique de Shivas
O inimigo hoje é o crime. Vamos nos unir e vamos derrotá-lo.
Fernando Henrique Cardoso
O mundo da volta, sem saber onde vai para
Pedro Henrique
O prazer resulta do fato de diminuirmos a dor, através de estratagemas que nem sempre, são os mais aconselháveis.
Henrique de Shivas
O que nos diferencia do animal é a razão. Porém, o que nos torna humanos é o sentimento. [Capítulo Segundo, aforismo XIX do livro ESCRITOS REUNIDOS]
Henrique de Shivas
Olhar diferente de tudo consiste em ver o diferente em tudo que se olha.
Henrique de Shivas
Os brasileiros são caipiras, desconhecem o outro lado, e, quando conhecem, encantam-se.
Fernando Henrique Cardoso
Os humanos são como as rosas.
Henrique de Prado.
"As vezes só olhamos os espeinhos,e esquecemos da beleza das petala"
INTENSO DIA DE HOJE
Tiago Henrique
SEMPRE NÃO E TODO DIA
E NÃO E TODO DIA QUE ME SINTO ASSIM
MAIS E TODO DIA QUE PENSO EM VOCÊ
A LÁBIA FALA MAIS NÃO FAZ ACONTECER
E O SILENCIO FICA IMENSO SEM VOCÊ
ESCREVO TUDO QUE SINTO
POR QUE NÃO SEI MAIS COMO TI DIZER
MOSTRAR,OU FAZER
PRA QUE VOCÊ ENTENDA
QUE NASCI PRA TI AMAR ,E VOCÊ NASCEU PRA SER AMADA
TALVEZ HOJE VOCÊ NÃO ME QUEIRA
MAIS A VIDA É O HOJE
VIVEMOS DOS NOSSOS PASSADOS
NA ESPERANÇA DO FUTURO
MAIS AS COISAS ACONTECE NO PRESENTE
E HOJE ESTOU TI DANDO UMA COISA QUE NINGUÉM TEM DE MIM
TI DOU MEU HOJE , POR QUE E TUDO QUE TENHO PRA TI DAR
NÃO TENHO RIQUEZAS ,TÃO POUCO BELEZA
MAIS TENHO UM CORAÇÃO GRANDE E APAIXONADO
SE ME DER UM DIA DA SUA VIDA
PROMETO QUE VAI SER TÃO INTENSO
QUE NO FINAL ,VAI CONFUNDIR
SEU ANTES COM O DEPOIS E O AGORA
O AMOR E UMA LOUCURA ,
A UNICA LOUCURA QUE VALE A PENA.
Manifesto Geração Devaneio
Henrique de Shivas
Nós que amamos o devaneio, as forças-ocultas que explodem fantasia no domínio da consciência... Nós que estudamos a finco a vida, o cemitério dos ideais, a fortaleza das atitudes. Lançamo-nos trementes d’expectativa pelas estradas-obscuras da curiosidade, em uma espécie de peregrinação rumo ao desconhecido-lar dos prazeres, dos enigmas, das revelações, em busca de Bacco e todos os santos da alegria.
Nós que depredamos tudo aquilo que não compete aos nossos reais-sentimentos... Discordamos da lógica, da coerência, e fazemos uma revolução que começa com a transubstanciação de nossa própria alma-particular. Uma alma que se transmuta em vinho; um vinho que dá forças – néctar que fomenta a voz de verdades proclamadas com eloqüência-espiritual, transcendente, divinal. Uma voz que, das Trevas do Espírito, faz tremer como trovão os Firmamentos do Destino; balançando e destruindo dogmas que estão impregnados na língua da opinião – explodindo sóis!
Há uma geração de poetas que assim pensam, que assim fazem, que assim delineiam... Que assim revolucionam os domínios onde o capital ainda não comprou definitivamente a cabeça das pessoas.
O templo-budista onde a palavra desses poetas faz-se luz e escuridão são os bares espalhados pela Cidade-Perdida. Lá eles oram blasfêmias e gargalham dos ordinários conformados com uma vida de limitação, conformação e diversão controlada pela Lei.
Nós que devassamos o conceito-comum do social, aquele conceito que existe pra corromper e nos fazer seguir um caminho-determinado. Preferimos andar em ziguezague; tropeçando nos espinhos que em suas pontas brilham venenos que embriagam a alma, e elevam-na ao Nirvikalpa Samadhi das emoções.
Um brinde a todos que assim pensam, que assim fazem, que assim delineiam.
Um brinde a todos que amam a Baudelaire, a Rimbaud e todos os poetas-malditos que tanto contribuíram para formação de uma mentalidade cada vez mais forte, maciça e imortal.
Subvertemos o meio para torná-lo um meio-risível, chocante, alucinante. Viajamos pelo mundo a beber, a sorver o sonho, o delírio, a lombra.
Pulamos para cair de cabeça no duro solo dos prazeres; quase quebramos as “vértebras da sobriedade” com pulo tão ousado e perigoso.
Na história dos combates internos, nunca tal prática maravilhosa de amar, mostrou-se tão devastadora; esfacelamos um pouco de nossa modéstia, quando, nossas volições guiadas em prol da concretização dos nossos próprios anseios, em detrimento dos de outra pessoa, forjamos nossa verdadeira imagem de repugnante, de vil; para, nesta batalha de idéias mais do que instintivas, lutarmos por sangue de volúpia, por vida de conquista e por água purificada na dor; salgamos um tanto demasiadamente a comida, e cedo ou tarde, agonizaremos nas possíveis enfermidades daí decorrentes, e, na gordura que usufruímos quando saboreamos estas apetitosas sandias da juventude, condenamo-nos ao martírio do porvir, repleto de murmúrios, gemidos, lamentos e cruzes.
Henrique de Shivas