almerindacruz - coleção pessoal

almerindacruz

Coleção pessoal de almerindacruz

1 - 25 de 18942 nesta coleção

sol e margaridas
conversa clara
na janela da sala

Alonso Alvarez

O fracasso é um evento, não uma pessoa. Ontem terminou na noite passada.

Zig Ziglar

"Amor perdido ainda é amor, Eddie. Ele assume uma outra forma, só isso. Você não pode vê-lo sorrir, não pode lhe trazer o jantar, não lhe faz cafuné nem rodopia com ele pelo salão. Mas quando esses prazeres enfraquecem, um outro toma o seu lugar. A lembrança. A lembrança se torna sua parceira. Você a alimenta. Você a segura. Você dança com ela. A vida tem de acabar — disse ela. — O amor, não."

Mitch Albom

Escrevi uma vez que era um cético que só acreditava no que pudesse tocar: não acreditava na Luiza Brunet, por exemplo. Cruzei com a Luiza Brunet num dos camarotes deste carnaval. Ela me cobrou a frase, e disse que eu podia tocá-la para me convencer da sua existência. Toquei-a. Não me convenci. Não pode existir mulher tão bonita e tão simpática ao mesmo tempo. Vou precisar de mais provas.

Luis Fernando Veríssimo

"Inter urinas et faeces nascimur"

Santo Agostinho

Levante todos aqueles que estiverem caídos em seu redor. Você não sabe onde seus pés tropeçarão.

André Luís

Meu Amor...

Meu amor, Minha vida,
Meu anjo, Meu tudo,
Teu corpo me alucina
Teus beijos me fascinam.
Eis uma flor no meu jardim
Não é rosa nem jasmim
Tua beleza não tem fim
Você é tudo pra mim.
É o calor que me aquece
É o frio que me estremece
É o sol do meu dia
É o frio da minha noite
É simplesmente
Um anjo
Um arcanjo
Tu eis a mais bela luz
Da minha vida.

Natanael Ribeiro

A gente procura nos outros o que nega na gente

Luiz Gasparetto

Construímos nossas vidas olhando uma para a outra, participamos de cada passo à frente, de cada queda, nos demos as mãos, nos largamos, nos abraçamos novamente. Mas não teremos nunca que agradecer nada do que nos proporcionamos: eu não teria crescido sem a sua proteção e você não envelhecerá sem o meu carinho... Pois, quando viemos ao mundo, sabíamos que nossa relação de amor seria especial: você é a mãe que eu escolheria todas as vezes que tivesse esta chance e eu, a filha eleita do seu coração... seja lá em que ordem isto aconteça.

peço que citem a autoria

Amar a humanidade é facil, dificil é amar o próximo

HENRY FONDA

Ao ouvir uma determinada musica
liberta-se um ser que está vivo dentro de
nós.

Pedis

Uma jornada de duzentos quilômetros começa com um simples passo.

Provérbio chinês

Pense muito nas oportunidades que aparecem na sua frente e não desperdice
momento algum da sua vida eles não voltaram depois que surgirem diante de ti.
Nenhum dia volta assim o que passou ontem, ainda que aconteça não será como antes foi........

denis

SINTONIA DO DESTINO.
FELIZ É QUEM CONSTRÓI A VIDA NOS PEQUNOS GESTOS POR AMOR AO SER AMADO,OU POR GRANDES MOMENTOS DE AMOR POR AMOR...-TENDO A PAZ EM SUA MORADA DA ALMA,SENTINDO O UNIVERSO DA SUA AMADA A CADA INSTANTE SENDO OS SEUS DIAS DE RAZÃO PARA SER ETERNOS,E JAMAIS DUVIDAR DA SINTONIA DO AMOR." SINTONIA DO DESTINO É :QUEM RECONHECE O SER AMADO O AMA
NOSSO DESTINO= NOSSAS ALMAS.

NOSSO AMOR= NOSSAS VIDAS.

NOSSO SONHO= NOSSOS CORPOS.

NOSSA FANTASIA= NOSSOS SENTIDOS DE AMOR.


NOSSO OASIS DE BEIJOS= NOSSOS SÓ NOSSOS CARINHOS.

SEU AMOR MEU AMOR!,AMOROSAMENTE ACARICIA O NOSSO AMOR-MUTUO.

TU(...) E EU(ANGELA) FEITOS PARA A NATUREZA DOS NOSSOS DESEJOS DO "SER E SER AMADO".
BEIJOS DE AMOR PARA A VIRCEVERSA DO TEU CORAÇÃO AMOR.

ANGELA Jesus siga- me Ángel corazón

Assim como há flores em todas as estações, também há loucuras em todas as idades...

Jouy

A palavra é metade de quem fala e metade de quem ouve.

Autor Desconhecido

O coração v~e as coisas com clareza
e o amor é sua qualidade natural - não há necessidade de treinamento.
E esse amor não tem o ódio como contraparte.

OSHO

O verdadeiro artista vê o mundo pelo buraco da fechadura

Appendino

Cuide da sua menina

Eu sei que você pensa coisas do tipo, -como ela me sufoca, -como ela me prende, -como ela ciumenta, -como ela é chata,- como ela consegue brigar tanto, -eu quero sair hoje, -eu não quero ir lá,- eu não quero fazer isso que ela quer.
Eu sei que você pensa muita coisa sobre ela das melhores ate as piore. Eu também sei que você pensa coisas assim, -que linda que ela ta, -que cheirinho bom, -que carinho gostoso, -que saudade ruim, -que bom estar com ela,- que abraço bom, -eu a m o ela.
Eu sei que apesar dela não te impedir de sair ou você não deixar que ela te impeça, você sente falta de sair, curtir sem dar satisfação, sente falta de ir pra night e poder ficar com várias,sente falta de dar uma pegada diferente,de sair por ai, de curtir com teus amigos sem preocupação, sente falta de bocas, gostos sabores, corpos e assuntos diferentes.
Eu sei de tudo isso, mais ela sabe? Provavelmente a sua menina deve pensar coisas desse tipo pelo fato de toda menina pensar assim,mais com certeza ela deve imaginar que tu a ama sem limites e que vocês realmente são eternos.
Mais eu sei que apesar das coisas que você deseja na ausência dela,você também pensa em estar com ela toda hora, sente uma falta doida dela, gosta dos abraços beijos, carinhos, do jeitinho de rir, de falar besteira, o jeito de pedir desculpa, das brincadeiras de vocês, de conversar e poder saber que você pode contar com ela. Sim você realmente a ama do fundo do coração e ela é a menina mais linda do mundo.
Como você pode pensar tanta coisa assim de uma só menina? Da sua menina.
Eu sei o que você pensa e sei também o que ela pensa, para não fazer você perder teu tempo com palavras românticas e cansativas que ela deve lhe falar normalmente e escrever também e você já não presta mais tanta atenção.
Ela te ama muito, com uma intensidade sem limites, quer o teu melhor, quer o teu bem, ela também pensa algumas coisas ruins sobre você e tu também irrita ela, mais isso passa em segundos, esses pensamentos saem da mente dela como se nunca tivessem passado por lá.
Com o tempo que vocês estão, ela aprendeu a lidar contigo e vice e versa, com o tempo ela sabe o que ti irrita o que te faz bem e tu também sabe tudo sobre ela.
Mais esses seus pensamentos não saem da tua cabeça tão facilmente,e a tua menina ti irrita muitas vezes sem nem ao menos ter a intenção.
Você sai com freqüência, as vezes você esquece dela, as vezes tu não lembra de alguma coisa que ela pediu, as vezes tu vai esquecendo, simplesmente esquecendo.
E a tal menina? ela chora, ela fica triste, ela acha que você simplesmente não a ama; mesmo que não seja isso que esteja acontecendo, você ‘apenas’ esqueceu.
Será que você realmente está esquecendo? apenas esquecendo?
Você já parou pra pensar nela como antes você pensava? você já olhou bem pra ela e viu o brilho nos seus olhos? E como ela se esforça pra ti deixar feliz?
Deveria realmente, deveria, depois de tudo o que vocês viveram, você deveria.
E a tua menina? Continua com os mesmo pensamentos tristes e sem razão se sente lesada, e deixada de lado, e com o medo constante de ti perder.
Você realmente acha que essa menina, a tua menina insisto em dizer, não é mais importante que uma curtição que momentos com os amigos,melhor que qualquer night?
Se acha ou não a menina já tirou suas próprias conclusões,e já se feriu o bastante.
Você está preparado pra perdê-la? se estiver... bum! perdeu, e agora?
E agora ti prepara pra night, pra curtir outros corpos e outros gostos e voltar pra casa e se deparar sozinho, sem ter alguém pra abraçar sem ninguém pra ligar e contar seu dia, seus problemas, sem poder dizer TE AMO.
E a menina? Ela cresceu não é mais a s u a menina, ela não ti entendeu.
Até que um dia você encontra a mulher que um dia foi a tua menina e ela esta mais linda do que nunca, e em sua cabeça os pensamentos que a tanto tempo quando estava com ela não existiam mais,esses pensamento voltam e as palavras EU TE AMO, VOLTA PRA MIM passam subitamente em sua cabeça. E a mulher? Bom ela ti da um beijo no rosto e vai embora...
E agora eu ainda sei o oque você pensa, e ela sabe?
Preste atenção em quem você ‘ama’ e cuide da SUA MENINA.

Autor Desconhecido

Um repórter de rock é um jornalista que não sabe escrever, entrevistando gente que não sabe falar, para pessoas que não sabem ler.

Frank Zappa

O Homem que mais defendeu as mulheres
As mulheres frequentemente foram silenciadas, controladas, diminuídas e tratadas como subumanas nas mais diversas sociedades humanas. Todavia, houve um homem que lutou sozinho contra o império do preconceito. Ele foi incompreendido, rejeitado, excluído, mas não desistiu dos seus idéias. Ninguém apostou tanto nas mulheres como ele. Fez das prostitutas rainhas, e das desprezadas, princesas. Muitos dizem que ele é o homem mais famoso da história, mas poucos sabem que foi ele quem mais defendeu as mulheres. Seu nome é Jesus Cristo, o Mestre dos Mestres na arte de viver. Esse texto não fala de uma religião, mas da filosofia e da psicologia do homem mais complexo e ousado de que se teve noticia.
Nos tempos de Jesus os homens adúlteros não sofriam punição severa. Todavia, a mulher adultera era arrastada em praça pública, suas vestes rasgadas e, com os seios à mostra, eram apedrejadas sem piedade. Enquanto sangravam e agonizavam, pediam compaixão, mas ninguém as ouvia. A cena, inesquecível, ficava gravada na mente e perturbava a alma para sempre.
Certa vez, uma mulher foi pega em adultério. Arrancaram-na da cama e a arrastaram centenas de metros até o lugar em que Jesus se encontrava. A mulher gritava “Piedade! Compaixão!”, enquanto era arrastada; suas vestes iam sendo rasgadas e sua pele sangrava esfolando-se na terra.
Jesus estava dando uma aula tranqüila na frente do templo. Havia uma multidão ouvindo-o atentamente. Ele lhes ensinava que cada ser humano tem um inestimável valor, que a arte da tolerância é a força dos fortes, que a capacidade de perdoar está diretamente relacionada à maturidade das pessoas. Suas idéias revolucionavam o pensamento humano, por isso começou a ter muitos inimigos. Na época, os judeus constituíam um povo fascinante, mas havia um pequeno grupo de radicais que passou a odiar as idéias do Mestre. Quando trouxeram a mulher adultera até ele, a intenção era apedreja-lo juntamente com ela, usa-la como isca para destruí-lo.
Ao chegarem com a mulher diante dele, a multidão ficou perplexa. Destilando ódio, comentaram que ela fora pega em flagrante adultério. E perguntaram qual era a sentença dele. Se dissesse “Que seja apedrejada”, ele livraria a sua pele, mas destruiria seu projeto transcendental, seu discurso e principalmente seu amor pelo ser humano, em especial pelas mulheres. Se dissesse “Não a matem!”, ele e a mulher seriam imediatamente apedrejados, pois estariam indo contra a tradição daqueles radicais. Se os fariseus tivessem feito a mesma pergunta aos discípulos de Jesus, estes provavelmente teriam dito para mata-la. Assim se livrariam do risco de morrer.
Qual foi a primeira resposta do Mestre diante desse grave incidente? Se você pensou: “Quem não tem peado atire a primeira pedra!” , errou, essa foi a segunda resposta. A primeira foi não da resposta, foi o silencio. Só o silencio pode conter a sabedoria quando a vida está em risco. Nos primeiros 30 segundos de tensão cometemos os maiores erros de nossas vidas, ferimos quem mais amamos. Por isso, o silencio é a oração dos sábios. Para o Mestre dos Mestres, aquela mulher, ainda que desconhecida, pobre, esfolada, rejeitada publicamente e adultera, era mais importante do que todo o ouro do mundo, tão valiosa como a mais pura das mulheres. Era uma jóia raríssima, que tinha sonhos, expectativas, lágrimas, golpes de ousadia, recuos, enfim, uma historia fascinante, tão importante como a de qualquer mulher. Valia a pena correr riscos para resgata-la.
Para o Mestre dos Mestres não havia um padrão para classificar as mulheres. Todas eram igualmente belas, não importando a anatomia do seu corpo, não importando nem mesmo se erravam muito ou pouco. Jesus precisava mudar a mente dos acusadores, mas nunca ninguém conseguiu mudar a mente de linchadores. O “eu” deles era vítima das janelas do ódios, não eram autores da sua história, queria ver sangue. O que fazer, então?
Ao optar pelo silencio, Jesus optou por pensar antes de reagir. Ele escrevia na areia, porque escrevia no teatro da sua mente. Talvez dissesse para si mesmo: “Que homens são esses que não enxergam a riqueza dessa mulher? Por que querem que eu a julgue, se eu quero amá-la? Por que, em vez de olhar para os erros dela, não olham para seus próprios erros?”
O silencio inquietante de Jesus deixou os acusadores perplexos, levando-os a diminuir a temperatura da raiva, da tensão, oxigenando a racionalidade deles. Num segundo momento, eles voltaram a perguntar o veredicto do Mestre. Então, finalmente, ele se levantou. Fitou os fariseus nos olhos, como se dissesse: “Matem a mulher! Todavia, antes de apedreja-la, mudem a base do julgamento, tenham a coragem de ser transparentes em enxergar as suas falhas, erros e contradições”. Esse era o sentido de suas palavras. “Quem não tem pecado atire a primeira pedra!”
Os fariseus receberam um choque de lucidez com as palavras de Jesus. Saíram do cárcere das janelas killer e começaram a abrir as janelas light. Deixaram de ser vítimas do instinto de agressividade e passaram a gerenciar suas reações. O homo sapiens prevaleceu sobre o homo bios, a racionalidade voltou. O resultado é que eles saíram de cena. Os mais velhos saíram primeiro porque tinham acumulado mais falhas ao longo da vida ou porque eram mais conscientes delas.
Jesus olhou para a mulher e fez uma delicada pergunta: “Mulher, onde estão seus acusadores?” O que ele quis dizer com essa pergunta e por que a fez? Em primeiro lugar, ele chamou a adultera de “mulher”, deu-lhe o status mais nobre, o de um ser humano. Ele não perguntou com quantos homens ela dormira. Para o Mestre dos Mestres, a pessoa que erra é mais importante do que seus próprios erros. Aquela mulher não era uma pecadora, mas um ser humano maravilhoso. Em segundo lugar, perguntou: “Onde estão os seus acusadores? Ninguém a acusou?” Ela respondeu: “Ninguém”. Ele reagiu: “Nem eu”. Talvez ele fosse a única pessoa que tivesse condições de julga-la, mas não o fez. O homem que mais defendeu as mulheres não a julgou, mas compreendeu, não a excluiu, mas a abraçou. As sociedades ocidentais são cristãs apenas no nome, pois desrespeitam os princípios fundamentais vividos por Jesus. Um deles é o respeito incondicional pelas mulheres!
O homem que mais defendeu as mulheres não parou por aí. Sua ultima frase indica o apogeu da sua humanidade, o patamar mais sublime da solidariedade. Ele disse para a mulher: “Vá e refaça seus caminhos”. Essa frase abala os alicerces da psiquiatria, da psicologia e da filosofia. Jesus tinha todos os motivos para dizer: “De hoje em diante, sua vida me pertence, você deve ser minha discípula”. Os políticos e autoridades usam seu poder para que as pessoas os aplaudam e gravitem em sua órbita. Mas Jesus, apesar do seu descomunal poder sobre a mulher, foi desprendido de qualquer interesse. “Vá e revise a sua historia, cuide-se. Mulher, você não me deve nada. Você é livre!”
Jesus a despediu, mas ela não foi embora. E por que? Porque o amou. E, por ama-lo, o seguiu para sempre, inclusive até os pés da cruz, quando ele agonizava. Talvez essa mulher tenha sido Maria Madalena. A base fundamental da liberdade é a capacidade de escolha, e a capacidade de escolha só é plena quando temos liberdade de escolher o que amamos. Todavia, estamos vivendo em uma sociedade em que não conseguimos sequer amar a nós mesmos. Estamos nos tornando mais um numero de cartão de crédito, mais um consumidor potencial. Isso é inaceitável.
( Texto adaptado do livro: A ditadura da Beleza e a revolução das mulheres. Augusto Cury)

Augusto Cury

Restos do Carnaval

Não, não deste último carnaval. Mas não sei por que este me transportou para a minha infância e para as quartas-feiras de cinzas nas ruas mortas onde esvoaçavam despojos de serpentina e confete. Uma ou outra beata com um véu cobrindo a cabeça ia à igreja, atravessando a rua tão extremamente vazia que se segue ao carnaval. Até que viesse o outro ano. E quando a festa já ia se aproximando, como explicar a agitação que me tomava? Como se enfim o mundo se abrisse de botão que era em grande rosa escarlate. Como se as ruas e praças do Recife enfim explicassem para que tinham sido feitas. Como se vozes humanas enfim cantassem a capacidade de prazer que era secreta em mim. Carnaval era meu, meu.

No entanto, na realidade, eu dele pouco participava. Nunca tinha ido a um baile infantil, nunca me haviam fantasiado. Em compensação deixavam-me ficar até umas 11 horas da noite à porta do pé de escada do sobrado onde morávamos, olhando ávida os outros se divertirem. Duas coisas preciosas eu ganhava então e economizava-as com avareza para durarem os três dias: um lança-perfume e um saco de confete. Ah, está se tornando difícil escrever. Porque sinto como ficarei de coração escuro ao constatar que, mesmo me agregando tão pouco à alegria, eu era de tal modo sedenta que um quase nada já me tornava uma menina feliz.

E as máscaras? Eu tinha medo, mas era um medo vital e necessário porque vinha de encontro à minha mais profunda suspeita de que o rosto humano também fosse uma espécie de máscara. À porta do meu pé de escada, se um mascarado falava comigo, eu de súbito entrava no contato indispensável com o meu mundo interior, que não era feito só de duendes e príncipes encantados, mas de pessoas com o seu mistério. Até meu susto com os mascarados, pois, era essencial para mim.

Não me fantasiavam: no meio das preocupações com minha mãe doente, ninguém em casa tinha cabeça para carnaval de criança. Mas eu pedia a uma de minhas irmãs para enrolar aqueles meus cabelos lisos que me causavam tanto desgosto e tinha então a vaidade de possuir cabelos frisados pelo menos durante três dias por ano. Nesses três dias, ainda, minha irmã acedia ao meu sonho intenso de ser uma moça - eu mal podia esperar pela saída de uma infância vulnerável - e pintava minha boca de batom bem forte, passando também ruge nas minhas faces. Então eu me sentia bonita e feminina, eu escapava da meninice.

Mas houve um carnaval diferente dos outros. Tão milagroso que eu não conseguia acreditar que tanto me fosse dado, eu, que já aprendera a pedir pouco. É que a mãe de uma amiga minha resolvera fantasiar a filha e o nome da fantasia era no figurino Rosa. Para isso comprara folhas e folhas de papel crepom cor-de-rosa, com os quais, suponho, pretendia imitar as pétalas de uma flor. Boquiaberta, eu assistia pouco a pouco à fantasia tomando forma e se criando. Embora de pétalas o papel crepom nem de longe lembrasse, eu pensava seriamente que era uma das fantasias mais belas que jamais vira.

Foi quando aconteceu, por simples acaso, o inesperado: sobrou papel crepom, e muito. E a mãe de minha amiga - talvez atendendo a meu mudo apelo, ao meu mudo desespero de inveja, ou talvez por pura bondade, já que sobrara papel - resolveu fazer para mim também uma fantasia de rosa com o que restara de material. Naquele carnaval, pois, pela primeira vez na vida eu teria o que sempre quisera: ia ser outra que não eu mesma.

Até os preparativos já me deixavam tonta de felicidade. Nunca me sentira tão ocupada: minuciosamente, minha amiga e eu calculávamos tudo, embaixo da fantasia usaríamos combinação, pois se chovesse e a fantasia se derretesse pelo menos estaríamos de algum modo vestidas - àidéia de uma chuva que de repente nos deixasse, nos nossos pudores femininos de oito anos, de combinação na rua, morríamos previamente de vergonha - mas ah! Deus nos ajudaria! não choveria! Quando ao fato de minha fantasia só existir por causa das sobras de outra, engoli com alguma dor meu orgulho que sempre fora feroz, e aceitei humilde o que o destino me dava de esmola.

Mas por que exatamente aquele carnaval, o único de fantasia, teve que ser tão melancólico? De manhã cedo no domingo eu já estava de cabelos enrolados para que até de tarde o frisado pegasse bem. Mas os minutos não passavam, de tanta ansiedade. Enfim, enfim! Chegaram três horas da tarde: com cuidado para não rasgar o papel, eu me vesti de rosa.

Muitas coisas que me aconteceram tão piores que estas, eu já perdoei. No entanto essa não posso sequer entender agora: o jogo de dados de um destino é irracional? É impiedoso. Quando eu estava vestida de papel crepom todo armado, ainda com os cabelos enrolados e ainda sem batom e ruge - minha mãe de súbito piorou muito de saúde, um alvoroço repentino se criou em casa e mandaram-me comprar depressa um remédio na farmácia. Fui correndo vestida de rosa - mas o rosto ainda nu não tinha a máscara de moça que cobriria minha tão exposta vida infantil - fui correndo, correndo, perplexa, atônita, entre serpentinas, confetes e gritos de carnaval. A alegria dos outros me espantava.

Quando horas depois a atmosfera em casa acalmou-se, minha irmã me penteou e pintou-me. Mas alguma coisa tinha morrido em mim. E, como nas histórias que eu havia lido, sobre fadas que encantavam e desencantavam pessoas, eu fora desencantada; não era mais uma rosa, era de novo uma simples menina. Desci até a rua e ali de pé eu não era uma flor, era um palhaço pensativo de lábios encarnados. Na minha fome de sentir êxtase, às vezes começava a ficar alegre mas com remorso lembrava-me do estado grave de minha mãe e de novo eu morria.

Só horas depois é que veio a salvação. E se depressa agarrei-me a ela é porque tanto precisava me salvar. Um menino de uns 12 anos, o que para mim significava um rapaz, esse menino muito bonito parou diante de mim e, numa mistura de carinho, grossura, brincadeira e sensualidade, cobriu meus cabelos já lisos de confete: por um instante ficamos nos defrontando, sorrindo, sem falar. E eu então, mulherzinha de 8 anos, considerei pelo resto da noite que enfim alguém me havia reconhecido: eu era, sim, uma rosa.

in "Felicidade Clandestina" - Ed. Rocco - Rio de Janeiro, 1998

Clarice Lispector

Os humanos são aquilo que fazem e não o que dizem...

Autor Desconhecido

Já estive aqui antes e voltarei outra vez, mas não terminarei esta viagem.

Bob marley

As amizades são como delicadas porcelanas... Para qu durem muito, pouco nos devemos servir delas.
NASA

Nasa


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